Os portugueses andam pouco, cada vez menos de autocarro e comboios e quase nada de bicicleta. Por outro lado, o automóvel é o meio de transporte preferido.
As conclusões são apresentadas por um relatório da Agência Europeia do Ambiente, “Climate for a Transport Change”, que atribui a Portugal dos piores resultados no que respeita a emissões de gases com efeito de estufa (GEE) associadas ao sector do transporte. Em Portugal, entre 1990 e 2005, houve um crescimento de 99% nos valores das emissões de GEE resultantes dos transportes. Valor apenas superado pelo Chipre, República Checa, Irlanda e Luxemburgo. Relacionado com este facto pode estar o investimento em infra-estruturas de transportes que é praticamente quatro vezes superior na rede rodoviária em relação à ferroviária.
in noticias.rtp.pt (05.03.08)
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relatório da AAE aqui

2 comentários:

  1. Anónimo disse...

    É com muito pena que vemos estas notícias, pois basta um passeio pelas principais cidades do país, com especial destaque para a capital, Lisboa, para constatarmos este facto referido no estudo em questão.
    Se fizermos uma viagem por aquela que é a considerada como sendo a estrada mais congestionada da Europa, o famoso IC19, verificamos um fenómeno curioso, que grande parte dos carros levam apenas um ocupante, e em compensação vemos um meio de transporte público limpo, como é o caso do comboio (que concorre com o transporte individual neste percurso), andar com pouca gente...isto apesar de nas mais das vezes a viagem no comboio da linha de Sintra demorar muito menos tempo, mas apesar disso as pessoas continuam a preferir usar o seu carro.
    Penso que isto é acima de tudo um problema cultural do povo português, porque as pessoas olham para o seu carro como uma forma de afirmação perante os outros, e quem faz as suas deslocações diárias de transportes públicos tem pouco "status" social, esta é a realidade.
    Reconheço que muitas vezes há culpa da parte das entidades competentes, nomeadamente ao nível dos transportes públicos rodoviários, onde várias vezes os potenciais utilizadores se deparam com horários desadequados, e com atrasos constantes.
    Posto isto penso que devemos analisar os dados com muito cuidado, mas tendo em conta que na maioria das vezes os portugueses fazem as suas deslocações diárias no seu carro particular, quando podiam perfeitamente vir de transporte público, contribuindo assim para a diminuição dos níveis de poluição, e porque não, contribuindo igualmente para a sua melhoria de qualidade de vida, demorando menos tempo a chegar aos seus trabalhos.
    Deixo aqui umas questões aos colegas:
    Que tipo de acções podem as entidades competentes fazer para tentar inverter a realidade actual?
    Já está provado que iniciativas do género do "dia sem carros" não surtiram grande efeito, muito pelo contrário, pois dificultaram em muito a vida ás pessoas.
    Será plausivel taxar, como já acontece em algumas cidades europeias, a entrada em Lisboa?

    ASS:Pedro Oliveira, 5ºano ST11, º13838  

  2. Anónimo disse...

    "Em Portugal, entre 1990 e 2005, houve um crescimento de 99% nos valores das emissões de GEE resultantes dos transportes"

    Este argumento não deixa de ser enganador. Se pensarmos bem e, uma vez que o carro passou a ser um meio de transporte acessível a muito mais carteiras do que antigamente, não obstante as subidas gritantes (mas, mesmo assim, recentes) de combustível, faz todo o sentido o aumento de valores de emissões.

    Mas não posso concordar com o comentário do Pedro Oliveira... pessoalmente, não considero que seja um problema cultural do povo português. As pessoas usam o carro, porque, face às opções existentes, essa continua a ser a melhor alternativa. O que eu já acredito que possa ser um problema cultural é o facto de pouco se optar pelo "car sharing", coisa a que os estudantes já recorrem muito mais (ainda que por falta de dinheiro e não por qualquer espécie de altruísmo ambiental). Hoje em dia (ainda que nem sempre tenha sido assim) duvido que as pessoas pensem num carro como símbolo de "status" social. A não ser que seja um ferrari e afins, será só mais um no meio de tantos outros. E ao preço que anda a gasolina, melhor seria deixar o carro na garagem.
    A verdade é que muitas vezes não há mais opções. Se a pessoa trabalhar até tarde, morar ou trabalhar um pouco mais longe de bons transportes públicos ou tiver crianças para ir buscar à escola, já não pode dar-se ao luxo de deixar o carro em casa. Dou-vos um exemplo prático: se uma pessoa que morar no Alto da Faia (em Telheiras) e quiser ir de transportes públicos tem, à sua escolha, uma carreira de autocarro que termina às 18h e passa apenas 2 vezes por hora ou vai de metro e tem, pelo menos, 20 minutos de caminhada, por uma estrada pouco simpática. Isto em boas condições climatéricas, sem crianças e livros (ou códigos) às costas e assumindo que tem apenas um destino e não precisa de andar às voltas onde quer que seja. Ora, aqui, as alternativas são más se comparadas com o carro, estacionado à porta de casa que, em 5 minutos me leva ao destino onde, de outra forma, eu demoraria cerca de 45 minutos a chegar.
    Acresce que, com a subida da criminalidade (em Telheiras, nomeadamente) gostava de saber quantas corajosas (ou loucas) mulheres terão coragem de voltar às 11h da noite do trabalho, a pé, do metro até casa, atravessando um qualquer descampado.

    Enfim, quanto a medidas e/ou soluções.
    Concordo, o dia sem carros parece mais uma manobra eleitoralista do que uma medida eficaz. Quanto à taxa de entrada na cidade de Lisboa, só seria legítima se tivessemos alternativas eficazes. Ora, sem um planeamento eficaz de uma rede colectiva de transportes que consiga fazer face ao transporte "porta-a-porta" que o carro representa, não podem ser impostas limitações à utilização do automóvel pelos particulares. Repare-se, o exemplo que eu dei é passa-se numa freguesia altamente populosa e que, mesmo assim, tem inúmeras zonas com problemas semelhantes. E se formos ver outros pontos do país como Águeda, Alcanena ou Mafra?
    Por isso, para mim, o próximo passo seria óbvio: tornar os transportes colectivos mais apelativos, acessíveis e baratos. Ou seja, ainda há muito para fazer.

    Maria Inês P. Ramalho, 5º ano, Sub. 4 (14364)  


 

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